Wednesday, October 25, 2006

Agência de Foto-jornalismo: MAGNUM

Photo Robert Capa: Pablo Picasso dans son studio, rue des Grands Augustins, Paris 1944.

Tudo começou quando Robert Capa que se exilou em Berlim, em 1931, pelas suas atividades estudantis de esquerda, foi trabalhar na agência de fotografia Dephot com seu compatriota Simon Guttmann. Ali começou sua carreira de fotógrafo. Com a ascensão de Hitler na Alemanha, em 1935, os dois húngaros se exilaram na França.
Capa, na França, conheceu os fotógrafos Henri Cartier-Bresson e David Seymour (Chim) e começou uma grande amizade. O amigo Cartier–Bresson, cujo interesse eram as fotografias surrealistas e queria que fossem publicadas na imprensa, deu-lhe o seguinte conselho: "Se você se considerar um artista, não vai conseguir nenhum trabalho. Considere-se um foto-jornalista e então faça aquilo que quiser".


Photo Henri Cartier-Bresson: le pont de Tancarville, 1955.

Em 1938, Capa fotografou a resistência da China à invasão japonesa e, por isso, tornou-se mais conhecido. Simon Guttmann, seu ex-patrão da agência Dephot, exilou-se em Paris, formou a agência Pix onde Capa foi trabalhar. Bob Capa, neste período, escreveu a um amigo, desabafando que não agüentava mais trabalhar com Guttmann que o considerava (Capa) como sua propriedade. Foi quando teve a idéia de se libertar dos grandes grupos da imprensa, e de criar uma agência cooperativa: nasceu uma idéia...
Após Capa cobrir a 2ª Guerra Mundial na Europa, em Abril de 1947, essa idéia foi colocada em prática no restaurante do Museu de Arte Moderna (MOMA), em Nova Iorque. Além de Robert Capa, os membros fundadores eram Henri Cartier Bresson, David "Chim" Seymour, George Rodger, William e Rita Vandivert (os dois últimos deixaram o grupo, em maio de 1947). Magnum Photos Inc. foi registrada no comércio em Nova Iorque. O objetivo de Capa, cujo trabalho já era notório, foi preservar na cooperativa o negativo na posse do próprio fotógrafo e não das grandes instituições da imprensa escrita.



Photo David Seymour: Françoise Sagan, 1956.

A Magnum teve três sócios talentosos, Capa que era a essência da fotografia, Chim a consciência e Cartier-Bresson a cultura estética da imagem. O dinamismo, a imaginação e o pioneirismo foram o diferencial na agência que se tornou a expressão do foto-jornalismo contemporâneo.
A importância da criação da Magnum foi liberar os fotógrafos da tirania da imprensa ou das agências, que até aquele momento, dispunham do fotógrafo todo tempo e ficavam com o principal: a posse dos negativos.
Em 2007, a Magnum completará 60 anos de atividade, os principais fotógrafos do mundo passaram por lá ou trabalham ainda lá. Como diz Guy Le Querrec "A Magnum é uma big band musical e cada um toca um instrumento diferente".


Photo Guy le Querrec: Le buste du président François Miterrand réalise par Daniel Druet.


Martine Frank comenta: "Existe três gerações que convivem com idéias diferentes mas todos com a mesma preocupação humanitária".


Photo Martine Franck: Harlem Désir se préparant pour une émission de télévision, 1989.

Até os dias atuais, a Magnum ainda transmite a mesma natureza da sua formação, carrega o mesmo idealismo de Capa: a liberdade de ação e criação do fotógrafo.

[....] "Magnum, nós somos uma coletividade de indivíduos unidos por nossa diversidade e por interesses mútuos (Richard Kalvar).

Podemos ver a diversidade e o tom singular nas imagens destes grandes mestres da fotografia. Segundo Sebastião Salgado: "Existe uma lei que é a base desta estrutura, que é da anarquia no sentido da democracia absoluta".

Photo Sebastião Salgado: le tour de France, 1986.

Como o próprio líder e um dos fundadores da Magnum, Robert Capa considerava-se uma pessoa sem nacionalidade e a agência possui essa essência, admitindo membros de vários países e culturas, porém essas diferenças respeitam a individualidade e o talento de cada profissional; um exemplo que devemos seguir independentemente do que fazemos no mundo.

Veja mais artigos e fotografias em:
fotografiacontemporanea.com.br - Site oficial.



Por: Célia Mello

Tuesday, October 17, 2006

Feira de Fotografia: CAPTURA DA LUZ

Os fotógrafos Célia Mello e Peter de Brito, organizadores da feira CAPTURA DA LUZ, têm o prazer em convidar os amantes da imagem fotográfica para participar de referido evento, que tem por objetivo divulgar a fotografia-arte e tornar acessível a sua aquisição. As obras, de diferentes tamanhos e sem montagem, estarão à venda por preços que variam de R$ 20,00 A R$500,00 a unidade.

As fotografias pertencem a autores como Ana Lúcia Mariz, Denise Adams, Vânia Toledo, Alberto Oliveira, Ary Diesendruck, Daniel Renault, Marcelo Lerner, José Bassit, Matangra, Wladmir Fontes, entre outros.

Local: Sala Pretérito Perfeito
Largo do Arouche, 99 – sala 20

Data: 20-10-06 (sexta-feira), das 10 às 17h
21-10-06 (sábado), das 9 às 16h

Mais informações :

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Monday, October 02, 2006

Foto-Jornalismo: Robert Capa...

Capa, o sedutor - Na Paris dos anos 40, Capa vive a vida plena, ama o glamour, as corridas de cavalos, o pôquer....e as mulheres!!! A mais célebre foi Ingrid Bergman. Foto de Ruth Orkin


Nesta semana, o legendário Robert Capa. O fotógrafo tornou-se conhecido pelas guerras que fotografou, apesar de ser avesso a elas, mas, seu trabalho sempre teve forte caráter humanitário...

Uma bela e trágica história...

Robert Capa, cujo nome de batismo era Endre Ernö Friedmann, nasceu em 1913, em Budapeste, Hungria. Exilado por suas atividades estudantis de esquerda, foi para Berlim em 1931 e matriculou-se como estudante de jornalismo na Deutsche Hochschule für Politik. Começou a trabalhar em 1932, em uma agência de fotografia a Dephot, cujo diretor era Simon Guttmann. Começou como office-boy e assistente no laboratório preto-e-branco, depois, passou a fotografar pequenos eventos. Seu primeiro trabalho fotográfico importante, nada mais foi do que ir a Copenhague, Dinamarca, fotografar Léon Trotski dando uma conferência. A foto saiu na página inteira da revista alemã Der Welt Spigel (foto abaixo).

Léon Trotski. Copenhague, 27 nov. 1932.

Com a ascensão de Hitler ao III Reich, foge do anti-semitismo da Alemanha, indo morar na França em 1935, lá conhece várias pessoas entre elas Henri Cartier-Bresson, David Seymour e sua grande paixão Gerda Taro (Gerda Pohorylle). Adota então o nome de André Friedmann.
Com Gerda Taro, tem uma relação de cumplicidade no amor e no trabalho. Os dois vão para Espanha e começam a fotografar a Guerra Civil Espanhola. Muda de nome para Robert Capa, cidadão americano, bonito e de sucesso!!!! Segundo, Richard Whelan (biógrafo) seu nome é uma homenagem a Frank Capra.
Gerda Taro começa a vender aos editores os trabalhos de Capa que, então, saem publicados nas principais revistas: Vu, Regards, Ce Soir, Weekly Illustrated Londres, Life e outras; Capa se lança na reportagem de atualidades e os editores ficam loucos pelo seu trabalho, pois suas fotos são muito realistas.
Capa, como seu compatriota André Kertész, foi um dos primeiros a usar, como ferramenta para fotografar, uma câmera Leica 35mm, porque esse tipo de câmera dá mais mobilidade ao fotógrafo. Ele soube muito bem utilizar este recurso aproximando-se mais dos acontecimentos, trazendo-nos as emoções de uma guerra, como podemos ver na foto tirada durante um bombardeio em Madri quando as pessoas utilizaram o metrô como abrigo (foto abaixo).

Durante bombardeio, as pessoas se abrigam numa estação de metrô, nov-dez de 1936.


No ano 1936, Robert Capa tira sua célebre foto da morte do soldado legalista, em Cerro Muriano, ao norte de Cordaba, Espanha. Alguns especialistas dizem que esta foto foi forjada, se foi mesmo, talvez, Capa quisesse através dela mostrar os horrores que ele e os soldados estavam vivendo nas linhas de combate, e revelar que a imagem fotográfica representa um grande poder de comunicação, pois até aquele momento ninguém tinha visto uma foto de guerra como aquela, tão realista (foto abaixo).

Sua foto mais célebre. Morte de um soldado republicano.

Em 1937, Robert Capa sofre uma grande perda, Gerda Taro é esmagada por um tanque do governo espanhol, em Brunete, a oeste de Madri. Ele nunca mais se recupera da falta de sua companheira.
Capa fotografou as principais guerras do século passado: entre elas a Guerra Civil Espanhola, a resistência da China à invasão japonesa em 1938, a 2ª Grande Guerra Mundial (1941-1945), a Guerra de independência de Israel (1948) e a Guerra da Indochina (1954).
Em nenhum desses trabalhos, a guerra foi retratada de forma sensacionalista, sempre registrou os horrores, a crueldade que provocam a população do fronte e a civil. Tais registros fazem parte da nossa memória e não deixam as pessoas esquecerem esses abusos contra humanidade.
A coragem e idealismo de Capa em fotografar esses momentos é comparada a coragem e idealismo dos vinte adolescentes italianos (Nápoles-1943) que roubaram armas e munições para combater os alemães e foram mortos. Capa fotografou o funeral e o desespero de suas mães.
Outro grande momento de Capa, que se tornou um de seus ícones foi o dia D, 6 de junho de 1944, ele fotografou a chegada das tropas americanas na costa francesa da Normandia, cujo codinome foi Omaha Beach; Capa passou muitas horas a bordo do navio US Cost Guard à Weymouth, Inglaterra, para cobrir o desembarque dos tanques anfíbios nas vilas da Normandia.

O desembarque, Omaha Beach, 6 de junho 1944.

Robert Capa retratou grandes personalidades da vida artística como, Pablo Picasso em seu ateliê, seu amigo e escritor Hemingway, Gary Cooper, John Steinbeck com quem foi para URSS.
Em 1947, fundou junto com os fotógrafos Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David Seymour (Chim) uma das principais agências de fotojornalismos do mundo, a Magnun.
Na Guerra da Indochina, Capa fotografava para a revista Life, as manobras francesas no delta do Rio Vermelho (Red River), Thaibinh (atual Vietnã) quando pisou numa mina anti-militar e foi morto, era 25 de maio de 1954. Ele tinha apenas 40 anos de idade.
Robert Capa deixa para humanidade como herança sua coragem, determinação e a fé no homem que tem o direito de viver com dignidade e respeito. Foi um ser pacifista, a forma que encontrou para denunciar o autoritarismo foi fotografando o sofrimento alheio independente do lado em que estava na guerra.

... Pois é, vou parar por aqui, ainda tem muito que dizer sobre a importância de Capa para o foto-jornalismo, a formação da agência Magnum, seus fundadores e atuais fotógrafos. Quem sabe eu continuo depois...


Motorista de ambulância, próximo a Cassino, dezembro de 1943-janeiro de 1944.

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Por: Célia Mello